Decidi voltar a escrever então já que este espaço é meu vou publicar aqui ....

Transposição

Não vivemos uma histeria

Estamos inundados por uma Pandemia que implora o vazio dos espaços

Mas não o lirismo da alma

Vivemos um estudo aplicado de eugenia!

Um holocausto moderno ou uma alegoria? Transportes lotados de corpos não opacos

coloridos quem sabe?

Mesmo não tendo dons para fazer uma Elegia pra uma gente sofrida que não se sustenta em pés de barro

Vista como uma reação anormal e social pura alergia Metáfora do asco de ver gente preta e pobre na correria por alvos ricos, embalados e higienizados

Mas com artérias opacas, translúcidas e secas.

Ainda prefiro a gente preta periférica que não se esconde na cena

Fala o que sente na pele que enruga e se agreste na labuta do dia

que expele um cheiro forte mas valoroso do que o chanel nº 5

[da boutique chic

Sujeitos de fala sem atalhos, reto sem rococós

pessoas de fé, fervor e esperança

Mas não se esconde no púlpito parasitando os dízimos

Enlatados sem direito a social distância

Sacrificados desta seleção artificial

Sem trocados pro sabão, álcool e vacina adubaram aos milhares

Este solo verde e amarelo.

Mas está pátria não para!

E nem vive de rachadinhas!

Oh desculpe, essa gente não vive de peculato.

Mesmo tendo os sentidos fraturados pela dor da perda

de sorrisos e abraços que de tão estimados eram de acesso franco

Mas mesmo neste ônibus lotado que não se ausenta

Marcado pela falta de roteiro e serenidade

um tsunami em que a continuidade depende da sorte

Talvez nasça ali nesta transposição do dia a dia

um visionário que norteie

um poema que encante

um líder germine a esperança

com sua voz de aço que fará bramir como trovão

com sua veias pulando no pescoço incendiará os que virão

Mas por enquanto transitamos.

Marcus Bezerra 06/12/2021

Fiz este poema para participar do Sarau literário da faculdade. Fui influenciado pelo conto Maria de Conceição Evaristo e A vida é loka de Sérgio Vaz...E o sofrimento causado pela pandemia do covid19 agravado pela crise, desigualdade e apartação social existentes neste país de gente corajosa governada por covardes.